sexta-feira, 23 de agosto de 2013

AUGUSTO (DIVINO)

De um sistema republicano, Roma passou a ser governada por um imperador vitalício em 27 a.C. e que em 395 d.C. dividiu o império com outro imperador que governaria a partir de Bizâncio (que depois passou a ser chamada de Constantinopla e hoje em dia é conhecida como Istambul). O Império Romano do Ocidente caiu em 476 d.C. diante das invasões dos povos bárbaros e o Império Romanos do Oriente terminou em 1453 d.C. com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. Foi nessa fase política que Roma tornou-se mais comercial do que agrária, acumulou o máximo de seu poder e conquistou a maior parte de suas terras. Os povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império.

Seu primeiro imperador foi Otávio Augusto. Caio Júlio César Octaviano nasceu em 23 de setembro de 63 a.C. Em 15 de Março de 44 a.C. quando Júlio César foi assassinado por um grupo de senadores, Otávio estava na Ilíria, servindo no exército, mas ao retornar para a Itália e uma vez informado que era o herdeiro adotivo de César começou então sua busca pelo poder. Nessa época, adotou a efigie de Filho de Deus (Divi filius, em latim), pois ele queria que o pai adotivo fosse considerado como um deus e ele mesmo como uma figura divina. Depois de vários conflitos que levaram a morte dos seus inimigos e rivais, Otávio entrou em Roma em 29 a.C. como senhor único e depois disso, em 27 a.C. recebeu com o título de Augusto (divino) os poderes repartidos até então entre os magistrados. Assim, de 16 de Janeiro de 27 a.C. até 19 de agosto de 14 d.C., quando morreu, Otávio Augusto governou Roma como o seu primeiro imperador, exigindo que os seus súditos o adorassem como um deus.

Foi na época do governo do primeiro imperador de Roma, aquele que havia reivindicado para si o título de Divi Filius (Filho de Deus) e depois de Augusto (Divino), que nasceu Jesus Cristo, na cidade de Belém, na região da Judéia, que estava sob o domínio romano desde 63 a.C (ano em que Otávio nasceu).

O evangelista Lucas nos traz uma informação histórica que nos permite localizar o nascimento de Jesus no tempo, fixando esse acontecimento justamente durante o governo de Otávio Augusto, conforme trecho do seu evangelho a seguir:

“E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.” (Lucas 2:1-7).

Já o evangelista Marcos, que também viveu durante o período do Imperador Otávio e possivelmente soube que esse imperador reivindicava para si o título de Filho de Deus e de Augusto (Divino) fez a seguinte declaração a respeito de Jesus no início do seu evangelho:

Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus; (Marcos 1:1).

Percebe-se então com isso, que no mesmo período em que Otávio Augusto e seus sucessores difundiram a ideia de que o imperador romano era um deus (Augusto) e que o povo deveria adorá-lo, Jesus e posteriormente as igrejas cristãs nascentes estavam divulgando o evangelho, no qual, um dos seus principais ensinos era de que Cristo era o Filho de Deus que foi enviado como salvador da humanidade.

“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (João 3:17).